Dica de Leitura – Mielograma em Pequenos AnimaisAutor: Eduardo Nascente - Professor e medico veterinário

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         O artigo “Mielograma na rotina laboratorial para a clínica de cães” apresenta uma revisão abrangente sobre a importância da análise citológica da medula óssea como ferramenta diagnóstica na medicina veterinária de pequenos animais. O mielograma é indicado quando exames básicos, como o hemograma, não são suficientes para esclarecer alterações hematológicas, especialmente em casos deanemias arregenerativas, trombocitopenias, gamopatias, neutropenias e suspeitas de neoplasias medulares.
         Inicialmente, os autores destacam o papel da medula óssea como principal órgão hematopoético, responsável pela produção de células sanguíneas e plaquetas, ressaltando que a avaliação desse tecido permite compreender a dinâmica da hematopoese em situações fisiológicas e patológicas. O processo de diferenciação celular é descrito em detalhe, englobando as etapas da eritropoese, leucopoese e trombopoese, evidenciando a complexidade dos mecanismos que mantêm a homeostase hematológica.
          O artigo enfatiza a importância da coleta correta da medula, realizada de forma asséptica em locais como esterno, costelas ou crista ilíaca, com posterior
preparo dos esfregaços. A qualidade da amostra é determinante para evitarartefatos e garantir resultados confiáveis. A análise citológica envolve avaliação da celularidade, cálculo da relação mieloide:eritroide (M:E), estudodas reservas de ferro e pesquisa de parasitas. Alterações na celularidade podem indicar quadros de hipo celularidade, como em infecções parasitárias e virais, hipercelularidade, geralmente associada a doenças mieloproliferativas, ouaplasia medular, muitas vezes induzida por fármacos.
          A razão M:E,considerada normal entre 0,75:1 e 2:1, fornece informações valiosas sobre a atividade medular e deve ser interpretada em conjunto com a celularidade. Além disso, a pesquisa de parasitas no mielograma apresenta alta sensibilidade ,permitindo o diagnóstico de doenças como leishmaniose e erliquiose, mesmo em situações em que a circulação periférica não evidencia a presença dos agentes.
         Os casos clínicos apresentados no trabalho reforçam a aplicabilidade do mielograma na prática veterinária. Entre os exemplos, destacam-se o diagnóstico de anemia hemolítica imunomediada em uma cadela submetida a transfusão sanguínea, a identificação de hipoplasia eritrocítica em um cão idoso e a detecção de formas amastigotas de Leishmania spp. em uma cadela da raça akita. Esses relatos ilustram como o exame contribui para esclarecer situações clínicas complexas e orientar condutas terapêuticas.
          Conclui-se que o mielograma é um exame de grande utilidade na rotina clínica de cães, permitindo avaliar a atividade hematopoética, identificar alterações em linhagens celulares específicas, investigar a presença de parasitas e complementar o hemograma na interpretação dos distúrbios hematológicos. Sua correta execução e interpretação tornam-no um recurso indispensável para o médico veterinário, sobretudo em casos desafiadores que exigem diagnósticos mais precisos e individualizados.